Pesquisa sobre a percepção dos parlamentares brasileiros sobre a política de drogas

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Scientific article
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Relatório Executivo da Pesquisa sobre percepção dos parlamentares brasileiros sobre política de drogas, 2016, Brasilia, Brasil
Original Language

Português

Country
Brasil

Pesquisa sobre a percepção dos parlamentares brasileiros sobre a política de drogas

Buscando qualificar o debate público sobre políticas de drogas e orientar as ações de seus membros, a plataforma de política de drogas brasileira realizou uma pesquisa com o poder legislativo Federal para mapear as opiniões e percepções dos congressistas sobre a atual política de drogas na país. O questionário, dado a deputados e senadores, cujo mandato começou em 2015, não era restrito ao debate sobre a legalização das drogas, mas também avaliada a percepção dos parlamentares sobre os impactos da luta contra a droga no país.

A pesquisa foi realizada entre junho e setembro de 2015, por Strategos - empresa júnior dos alunos de pós-graduação em ciência política da Universidade de Brasília (UNB), - experiência em pesquisas no Congresso Nacional. 200 deputados e 34 senadores participaram no inquérito. A análise geral dos dados, no entanto, não mostra uma lacuna muito grande entre as opiniões recolhidas entre deputados e senadores, sendo suficiente para a construção de um mapa genérico da posição do Congresso Nacional sobre o assunto.

De acordo com a pesquisa, que foi publicada em 2016, ambos os deputados e senadores se consideram bem informados sobre a política de drogas. A maioria dos parlamentares de ambas as casas considera ter um conhecimento muito profundo sobre o assunto.

Quanto a avaliação dos legisladores sobre a atual política de drogas, na Câmara dos deputados, havia uma avaliação mais crítica: mais de dois terços dos deputados consideram "ruim" ou "terrível". A maioria dos senadores consideram a política de drogas "regular". Como na Câmara dos deputados, a avaliação positiva também foi uma minoria do Senado, inventando uma avaliação negativa da política de drogas no Congresso.

Surpreendentemente, a criminalização do usuário de drogas - presente na atual legislação penal brasileira - não foi defendida pela maioria dos congressistas. Perguntado se o usuário de drogas deve ser criminalizado, a grande maioria dos deputados respondeu que não. Entre os senadores, a criminalização do usuário drogas teve ainda menos apoio. Tendo em conta o perfil mais conservador, apresentado pelos congressistas em outras respostas, é possível que a avaliação negativa da questão é explicada por um entendimento que uso de drogas já não é criminalizado no Brasil, desde a posse de drogas para uso pessoal não é punido com restrição da liberdade. Em outras palavras, é possível que a defesa dos congressistas seria manter a legislação actual. Em ambas as casas, um grande número de legisladores não justifica a sua opinião para a não-criminalização do usuário de drogas, que variam de um quarto do total da casa e um quinto no Senado. Entre aqueles que forneceram alguma justificação - a proporção de não-Respondente excedeu 20% - o argumento que mais se destacou é baseado na concepção do usuário como uma vítima ou um paciente que precisa de apoio - não punição. Com muito menos menciona, no entanto, foi também alegado que o estado deve reprimir o tráfico (e não use) e que a política de drogas deve ser conduzida pelo campo da saúde pública - não o sistema penal. É também interessante notar que na câmara um número considerável - cerca de 12% - justifica-se a defesa da não-criminalização do usuário de drogas por não ter acreditado em danos a terceiros relacionados com a prática.

Os parlamentares foram convidados diretamente sobre questões relacionadas com a maconha, a droga ilícita mais comumente usada no Brasil e no mundo. A maioria dos deputados estava relutante, depois de ser questionado sobre a possibilidade de regulação da produção e venda desta droga, tornando-se, portanto, lícito.

Dois pontos devem ser destacados. O termo "legalização" em si não foi utilizado no questionário, que pode ter aumentado o recrutamento dos parlamentares para o "banco" em favor de acabar com a proibição da maconha. Outra figura, também detectada em outras questões, é a proporção significativa de não-respondentes: 21% em casa e 41% no Senado.

A adesão dos parlamentares para uso médico ou terapêutico da maconha foi, como esperado, muito maior do que relatado por geral usar o regulamento. Esta aprovação, no entanto, atingiu um nível surpreendente: quase metade dos deputados apoiar todos os usos terapêuticos da maconha.

No Senado, o contexto era mais favorável e atingiu quase todos os senadores. Este apoio é expressivo e demonstra grande simpatia entre os parlamentares para este aspecto particular do Regulamento de maconha, possivelmente sensibilizado pela articulação dos movimentos que reivindicam a autorização da utilização da CDB. Adicionado àqueles que foram receptivos ao uso de CBD (canabidiol, um dos princípios ativos da maconha com mais estabelecido aplicação terapêutica na literatura médica), deputados simpáticos para o uso terapêutico de maconha alcançou um lento maioria dos mais de 80% da câmara.

Os parlamentares das duas casas foram em grande parte em favor de uma postura mais ativa pelo Brasil no debate internacional sobre políticas de drogas. A proporção de senadores que favoreceu o ativismo brasileiro no debate internacional sobre drogas foi ligeiramente menor do que a encontrada na câmara.

Para identificar quais os aspectos da política de drogas são vistos como importante para os parlamentares, uma lista de ações do estado foi apresentada ao qual os congressistas foram convidados a atribuir uma escala de um a cinco anos, um 1 para nenhuma prioridade e cinco para prioridade muito alta. Nas respostas, quatro aspectos foram considerados como de alta prioridade para a grande maioria dos membros: investimento em tratamento para dependentes, educação para impedir o uso problemático, aumentou penalidades para os traficantes e os investimentos em políticas sociais para usuários de drogas. O consenso entre os deputados não foi visto na edição de repressão contra os usuários, que foi considerado como tendo pouca ou nenhuma prioridade para 43% dos entrevistados.

Nesta sequência de perguntas, deputados e senadores não mantiveram um padrão idêntico de respostas, embora, em geral, existem alguns pontos em comum. No caso da casa, o Regulamento da produção e do comércio de maconha, com o objetivo de coletar impostos, foi a afirmação mais consensualmente rejeitada. Por outro lado, o tratamento específico das políticas para cada tipo de droga gerou mais polêmica, dividindo a casa.

A afirmação de que adultos devem ter o direito de usar drogas, mesmo que essa prática representa riscos para eles, recusaram-se, principalmente, no Senado e Câmara dos deputados. É curioso notar que a aplicação de sentenças equivalentes para pequenos e grandes traficantes, embora não suportados pela maioria, teve aprovação significativa: 31% em casa e 38% no Senado.

Dois temas foram rejeitados em duas casas legislativas, em proporções diferentes: a regulação da produção de maconha e comércio para a cobrança de impostos e falta do estado de responsabilidade para o tratamento da toxicodependência. Novamente, as percentagens relevantes - 17% dos deputados e 9% dos senadores - têm mostrado algum acordo com o direito de usar drogas por adultos, formando uma minoria mas estável grupo parlamentar que rejeita o atual modelo proibicionista da política de drogas.

A maioria dos deputados e senadores acreditam que o estado deve investir na rede pública - saúde exclusivo sistema (HUS) - mas, também, em particular as comunidades terapêuticas e clínicas. Na câmara, 16% apenas defendeu o cuidado e tratamento pelo HUS, uma proporção escolhida por apenas 6% dos senadores. Suporte prioritário na rede privada foi pequena, atingindo 8% em casa e 6% no Senado. 86% dos deputados eram a favor da ideia de internação como a melhor forma de tratamento para dependência de drogas. 7% deles não vejo eficácia neste procedimento.

Há duas conclusões mais gerais a partir dos dados de pesquisa sobre a percepção dos parlamentares na política da droga. A primeira é que a maioria do Congresso tem uma postura mais conservadora e resistente a mudanças nas políticas de drogas, incluindo defendendo aumentada penas para crimes relacionados com ele. Neste ponto, é importante lembrar que a resistência à reforma do atual modelo não é exclusiva ao legislativo. Só para citar um exemplo, uma pesquisa realizada pela Associação de magistrados brasileiro (AMB) com juízes brasileiros, de todos os ramos e instâncias, descobriu que mais de 70% deles são a favor de aumentar sanções por tráfico de drogas, uma percentagem semelhante a que foi verificado por uma pergunta pediu para os congressistas.

A segunda conclusão, mais otimista, mostra que não há apoio entre congressistas para alterar os pontos errados do modelo atual, tais como a criminalização de usuários, por exemplo. Há também uma vontade de mudar pontos específicos da política de drogas, tais como a permissão de uso de maconha para fins terapêuticos, que tem recebido apoio significativo da maioria das duas casas legislativas.